segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Desconectado


By Bruno M. Abrão




Ano 2009, acordei como de costume as 6h00 da manhã para ir trabalhar com o despertador buzinando no meu ouvido. A primeira coisa que fui fazer foi ligar o celular para ver se algum cretino tinha me ligado de madrugada. Para minha surpresa o celular não ligou. Desesperadamente coloquei o mesmo para carregar e mesmo assim ele não ligou. Um frio na minha barriga me tirou o apetite para o café da manhã, na hora pensei em meus contatos, pois depois que o celular virou moda, adeus agenda de telefones que ficava em minha gaveta. Por um momento tentei lembrar alguns números. Impossível. Depois me lembrei das fotos do aniversário de minha irmã, que eu ainda não tinha descarregado no computador. Fechei os olhos e uma lágrima caiu lentamente em cima de meu porta-retrato digital, que também havia se apagado, ficando somente o suporte. Depois mais lágrimas caíram quando lembrei que depois do retrato digital, não tínhamos aqueles famosos álbuns de fotografias que predominavam antigamente. Adeus boas lembranças.

Mas por um momento a tristeza passou, lembrei que tinha tudo gravado em CDs e em arquivos dentro do meu notebook. Com certo pressentimento de que algo estava errado, apertei o botão de ligar. Sem resposta. Pânico geral. Lagrimas se misturavam com suor frio que começou a escorrer pelo meu rosto. Trabalhos de faculdade, apostilas, fotos, planilhas de contabilidade, e uma série de arquivos estavam perdidos. Pelos Deuses, estava totalmente perdido, apesar de estar com roupas, me sentia completamente nu. Foi quando a ficha caiu. Meus e-mails, Orkut, MSN, Facebook, Twitter, blog, ahhhhh. Não suportando mais a angustia em meu peito corri para Lan house mais próxima e para a minha surpresa, um monte de maquinas de escrever, substituíram os computadores. Discuti com o dono, e ele me chamando de louco, ligou para a polícia.

Corri desesperadamente para casa, não entendia o que acontecia, onde estavam os computadores, porque meu celular não funcionava mais, a internet. A bendita internet. Onde estava ela. Minha rede de relacionamentos. Meus amigos on-line. Onde estariam agora. Meus e-mails, ahhh meus e-mails. Minhas fotos. Sentia-me sozinho, sensível, fraco, nu. Não queria mais trabalhar, liguei o carro para sumir por essas estradas. Quando estava pronto para configurar meu GPS, ele também não ligava. A depressão estava ficando aguda. Precisava distrair a cabeça, procurei e até que achei meu MP26 para escutar um pouco de música. Mas ele também estava apagado, apenas de corpo presente, mas sem alma. Céus, o que havia acontecido com o mundo digital do qual somos tão dependentes?

Foi quando um barulho ensurdecedor começou a me assustar e finalmente acordei de verdade, com um puts, puts no meu celular. Estava suado e ao mesmo tempo aliviado, por se tratar apenas de um pesadelo.

Reflexão:

O mundo digital praticamente dominou os seres humanos e hoje não depender desses meios é apenas um sonho, ou pesadelo. Deixo a critério de leitor.

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